Para se ter um bom relacionamento consigo mesmo

 

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O ensinamento de Jesus de amar o próximo é a principal diretriz a ser seguida em nossos relacionamentos para que possamos exercitar uma convivência harmoniosa com os nossos familiares, parceiros nas atividades profissionais e em todas as vivências sociais.

Ao considerarmos que devemos amar ao nosso próximo como amamos a nós mesmos fica entendido que precisamos ter a melhor consideração para conosco. Caso esse  relacionamento seja conturbado não reuniremos bons recursos a serem oferecidos aos de nosso convívio. Quando conquistamos adequados níveis de autoestima teremos condições para mantermos vínculos de paz e de amor como todos.

Autoestima representa o reconhecimento de nossa capacidade de concretizarmos nossos objetivos e de sermos merecedores dos benefícios decorrentes de nossas boas obras.

Existem poderosos condicionamentos culturais que atuam na direção de nossa desvalorização, pois a ênfase maior repousa no destaque dos aspectos negativos de nossas experiências de vida. Precisamos observar com atenção e redobrado interesse que tanto os ensinamentos como a forma de ensinar de Jesus superou o velho estilo da repressão e castigo mesmo que justificáveis anteriormente. Jesus converte os dez Mandamentos em uma proposta afirmativa do “que fazer” no lugar de destacar o “que não fazer” como é possível identificar em oito dos mandamentos.

Quando prevalecem fortes os procedimentos de repressão e castigo como controle social resulta também na manutenção em nosso íntimo de “tribunal inquisitório” implacável com nossos erros. As autossentenças ocasionam sentimento de culpa e o rebaixamento de nossa autoestima. Prevalece a sensação de nossa incapacidade para a vida e de sermos carentes por não acumularmos méritos que possam justificar recompensas tanto materiais como emocionais. Jesus, entretanto veio revelar que os filhos de Deus são portadores de condições divinas por serem a Ele semelhantes e capazes e ostentar eleva autoestima. Cabe-nos manifestar toda a nossa potencialidade capaz de revelar nossa capacidade de agir, até como co-criadores na obra de Deus, e o mérito de alcançarmos a felicidade como maior recompensa da vida.

O roteiro para desenvolvermos adequado relacionamento conosco compreende diversos recursos entre os quais vale destacar os seguintes:

 

a)   Aceitar o que somos;

b)   Sejamos nossos próprios fãs;

c)    Não nos culpemos;

d)   Somos uma pessoa e não um estereótipo;

e)   Não temos que  vencer sempre;

f)     Escolha suas comparações com sabedoria;

g)   Acreditemos em nós, porém não em demasia.

  

ACEITAR O QUE SOMOS

 

Não somos do tamanho de nossas contas bancárias, o bairro onde moramos, a roupa que usamos e o trabalho que fazemos e sim uma mistura extremamente complexa de capacidades e limitações.

A aceitação do que somos facilita mudar o foco para naquilo que deve nos ocupar. Como objetivo devemos desenvolver nossas virtudes e habilidades no lugar de nos ocuparmos em reprimir os erros que cometemos e as distorções de comportamentos e atitudes. Não se trata, entretanto de ignorar os erros. Eles devem ser reconhecidos em nossos esforços de autodescobrimento, porém no lugar de reprimir o indesejado é melhor desenvolver  as virtudes que permitam a superação do negativo. Por exemplo, reconhecido o egoísmo buscaremos a transformação pelo desenvolvimento do altruísmo. Essa virtude irá afastar naturalmente o interesse no egoísmo que irá sair de cena sem conflitos ou lutas internas.

Hoje já se percebe que tudo que é reprimido se fortalecer ainda mais porque com a nossa atenção oferecemos energias adicionais. Quando alimentamos nossas virtudes e habilidades os defeitos irão desaparecer por desnutrição.

Vamos nos concentrar naquelas coisas que queremos conquistar como a paciência, criatividade, tolerância, altruísmo e outras virtudes e habilidades. Com isso poderemos abandonar gradativamente as posições que não produzem os melhores resultados. Assim, aceitemos o que somos, identifiquemos  as coisas que nos convém e pelo exercício perseverante alcancemos estágios superiores.

 

SEJAMOS NOSSOS PRÓPRIOS FÃS

 

Precisamos confiar em nós mesmos com força e constância. Ao sentir desânimo reconheça-o, mas não se entregue a ele, procure superá-lo e seguir em frente. Ser seu próprio fã significa acreditar em si mesmo é tratar-se como você trataria alguém que o amasse e o admirasse muito. A rejeição só significa fracasso quando não acreditamos em nós mesmos, para os que acreditam em si é apenas um desafio. A tendência para manter e reforçar a autoconfiança aumenta muito  a satisfação na vida.

Para estar em harmonia com o outro é necessário que em primeiro lugar reconheça em mim aquilo que me coloca com fã de mim mesmo porque vou reconhecer as coisas boas que posso e consigo fazer, portanto ao meu alcance.

 Ao desenvolver a habilidade de reconhecer em mim essas condições o mesmo irá acontecer no convívio com as pessoas, pois terei mais facilidade de perceber razões para que seja também fã dos outros. Aquele que se deprecia e vê em si apenas coisas erradas terá dificuldades de reconhecer no outro o que possa merecer admiração.

Admiração é ingrediente fundamental nos relacionamentos uma vez que as pessoas preferem mais ser admiradas em vez de amadas.  É  mais fácil verificar se aquilo que declaramos admirar no outro é verdadeiro, enquanto em declarações de amor é necessário haver convivência para ter certeza da veracidade.

Quando destacamos alguma coisa que merece admiração a pessoa reconhece de imediato a nossa atitude favorável em nos revelarmos como alguém que reconhece no outro alguma coisa positiva e de valor.

 

NÃO NOS CULPEMOS

 

Quando as coisas vão mal começamos a nos torturar listando nossos fracassos e acusando-nos pelas falhas. Além de nos fazer sofrer esse tipo de pensamento pode nos paralisar.

Se nos entregarmos ao sentimento de culpa perderemos até a capacidade de reparar o erro. A pessoa que se sente culpada não assume a responsabilidade do que faz  e consciente ou inconscientemente procura ser punida.

 Somos livres para escolher as coisas que iremos ou não fazer, entretanto o resultado de nossas escolhas é de nossa inteira responsabilidade. Os resultados podem ser bons ou maus. Na medida em possa existir prejuízo é necessário assumir a responsabilidade por nossos atos e reparar aquilo que não foi feito de forma adequada.

Isso não se consegue sentindo-se culpado. A pessoa que se sente culpada acredita que algum tipo de punição vai libertá-la dessa conta negativa. A única coisa que nos liberta é a reparação daquilo que tenhamos feito de forma errada.

Ao culpar-se o indivíduo desenvolve uma tendência para se omitir na vida, pois tem receio de errar. Por outro lado, quando desenvolve a capacidade de ser responsável por seus atos vê nos erros a possibilidade de lições que favoreçam fazer as coisas de forma conveniente e certa.

Não se culpar é, portanto importante para que o relacionamento conosco possa prosperar em bases de harmonia. Quando as coisas dão errado procuramos logo um culpado e apontamos o dedo implacável e acusador para nós mesmos. Ao fazer isso deixamos de perceber duas coisas: que há aprendizado com o erro e que é inútil desperdiçar o tempo nos culpando. A felicidade não depende do número de coisas que acontece com alguém, o importante é a maneira de encarar o acontecimento, a pessoa dada à conclusões negativas sobre si mesma quando coisas desagradáveis ocorrem certamente é menos feliz do que aquelas que adotam a complacência. As pessoas que veem a si mesmas como causa dos acontecimentos negativos tem uma probabilidade maior de estarem satisfeitas do que aquelas que não fazem.

 

SOMOS UMA PESSOA E NÃO UM ESTEREÓTIPO

 

Estereótipo é um determinado modelo apresentado em nossa cultura  e de alguma forma entendemos que devemos segui-lo ou que haja pressão para que assim façamos.

As pessoas são mais felizes quando permitem que a sua personalidade aflore e não quando se adaptam a imagens determinadas pela cultura. Os homens ao acreditarem na necessidade de serem durões e as mulheres de serem dóceis estão aprisionados por um conjunto de expectativas que não tem nada a ver com aquilo que realmente são. Um exemplo: um homem que sente vontade de chorar num funeral, mas não se permite porque aprendeu a ser durão não está sendo o que verdadeiramente ele é. Está fingindo ser quilo que acha que os outros esperam que ele seja. Uma mulher ao se forçar a ser expansiva, mas cuja preferência é ser discreta não se sentirá mais feliz por agir de modo artificial.

É importante agir da forma que nos é natural e não do modo que achamos como  o homem ou a mulher devem se comportar. Nossas generalizações sobre os homens e as mulheres frequentemente são falsas e muitas vezes prejudiciais.

Seja autentico, seja aquilo que você é.  Não se ajuste aos modelos que são apresentados ou impostos por nossa cultura.

 

NÃO TEMOS QUE VENCER SEMPRE

 

As pessoas ultracompetitivas que precisam vencer sempre terminam usufruindo menos as coisas. Quando perdem ficam muito frustradas e quando ganham era isso que esperavam de qualquer modo, sobretudo não se harmonizam com o ritmo natural da vida que é feito de ganhos e perdas. Portanto você não tem que vencer sempre, as pessoas que precisam vencer sempre não se dão conta de que a vida é feita de altos e baixos, de alternâncias.

Quem não souber isso e vincular a felicidade às vitórias constantes seguramente irá sentir-se infeliz. A competitividade pode impedir a satisfação na vida porque nenhuma realização será suficiente e os fracassos tornam-se devastadores. Como as pessoas ultracompetitivas tem altíssimo nível de exigência elas não se alegram tanto com seu sucesso, mas se desesperam com os fracassos.

 

ESCOLHA SUAS COMPARAÇÕES COM SABEDORIA

 

É muito frequente nos avaliarmos por comparação com os outros desconsiderando que o sucesso na vida é um processo de autossuperação, hoje melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje.

Comparar-se com os outros é quase inevitável porque nossa cultura estimula esse comportamento desde que nascemos. O mais gordo ou mais magro, o maior ou menor, mama mais ou menos, falou e andou antes ou depois do que o primo, irmão, vizinho  ou filho da amiga.

 O ideal é não nos compararmos e tratarmos de usufruirmos a vida dentro de nossas possibilidades. Muitos dos nossos sentimentos de insatisfação vêm do fato de nos compararmos com outras pessoas. Quando nos comparamos com aqueles que têm mais nos sentimos diminuídos

 

ACREDITEMOS EM NÓS, PORÉM NÃO EM DEMASIA

 

Acredite em si, nunca se dê por vencido. Se você não acreditar em si nada irá dar certo. A capacidade de fazer qualquer coisa precisa ser acompanhada pela crença de que somos capazes de fazer. Tão importante quanto aprender a fazer é aprender que você pode fazer. Não se trata de arrogância ou pretensão, mas de uma atitude positiva e de crença em seu poder de realização. Não deixe que experiências de desvalorização na infância ou julgamento dos outros a seu respeito influencie a sua confiança em si.

Em todas as idades e em todos os grupos uma solida crença nas próprias capacidades aumenta a satisfação e nos torna felizes tanto na vida familiar como na profissional, entretanto não acredite demais em si.

Acreditar excessivamente também pode significar arrogância e pretensão, você se achará incapaz de cometer qualquer erro. Não pense só porque você é uma pessoa talentosa que não tem nada a aprender com os outros e que nunca deve receber críticas. E  aqui se destaca a importância do exercício da humildade.

A humildade deve ser entendida como nossa capacidade de reconhecer contribuições oferecidas pelos outros naquilo que fazem. Uma postura de humildade permite aprender com os exemplos observados no convívio.

Em pesquisas realizadas com casais descobriu-se uma relação significativa entre a pretensão e arrogância dos parceiros e os problemas nos relacionamentos. Quando um dos parceiros está convencido que tem razão e por isso fica fechado às sugestões e críticas do outro a duração das crises é muitas vezes maior.

 

RECOMENDAÇÃO FINAL

 

 

Para ter excelente relacionamento conosco mesmo devemos aceitar o que somos, sermos nossos próprios fãs, não nos culparmos, assumir a condição de  pessoas e não de estereótipos, lembrar  de não precisar vencer sempre,  escolher com sabedoria nossas comparações e sem exagero acreditarmos em nossa capacidade e merecimento.

Fazendo isso teremos ajustado o comportamento e atitude conosco e, consequentemente, seremos capazes de estabelecer convivência harmoniosa com os outros. Assim, colocaremos em prática  o ensinamento de Jesus que diz para amarmos ao próximo como a nós mesmos.

Amar a si mesmo é estar em paz consigo é encontrar razões suficientes para termos confiança em nós, para que nos julguemos capazes de fazer as coisas, de vencermos os desafios e de poder nos expressar de maneira genuína. Amar a si mesmo é buscar o aprimoramento contínuo em tudo que fazemos. Amar a si mesmo é reconhecer que somos filhos de Deus criados à Sua imagem e semelhança.

Ser melhor não se faz por comparação com os outros, mas pela verificação de como éramos ontem, como somos hoje e como queremos que sejam nossas atitudes e comportamento no tempo que está por vir. É um convite permanente ao ajustamento, a um desenvolvimento constante mediante toda e qualquer oportunidade que surja em nossa vida. Tomar as oportunidades no sentido de aprender mais e de fazer com que as coisas sejam cada vez melhores. 

 

 

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