Como lidar com os conflitos
A força do pensamento constante
rev Para que possamos superar os conflitos devemos começar com a recomendação de Voltaire: “Nenhum problema pode resistir à força do pensamento constante”. Perseverar até que o conflito seja superado. Sempre que nos dediquemos com afinco, em qualquer atividade, não demorará muito para vermos a capacidade ampliada até sermos reconhecidos como verdadeiros mestres naquilo que estamos nos empenhando. Devemos ainda considerar as seguintes possibilidades: a) Gerar o maior número de ideias que possam servir para superar os conflitos. b) Buscar ajuda quando não conseguirmos encontrar a solução. c) Lembrar sempre que é mais propício para os relacionamentos a cooperação no lugar da competição.
COMO LIDAMOS COM AS COISAS
Consideremos questões bem familiares. Ao comprarmos um aparelho de som, uma cafeteira, um fogão ou algo mais complexo como um computador, vamos nos empenhar por meio da leitura dos manuais, procurando experimentar os vários controles para dominarmos sua utilização. Só vamos nos dar por satisfeitos quando seja possível usar os aparelhos de maneira agradável e que ofereça o melhor resultado possível. Se tivermos alguma coisa com defeito vamos nos empenhar durante o tempo necessário até que chegue o momento que tenhamos sanado a dificuldade e superado o entrave que esteja de alguma forma impedindo que consigamos o resultado pretendido. Pensamento constante, recomendado por Voltaire, pode ser entendido como empenho, dedicação e persistência. Diz ele que se pensarmos constantemente a respeito de alguma coisa que precisa ser resolvida, superada ou desenvolvida, acabaremos por realizar a tarefa. Dessa forma, reconhecemos a importância de canalizar a força de nosso pensamento de maneira constante.
COMO LIDAMOS COM AS PESSOAS
O que acontece quando o problema é de relacionamento? A maioria das pessoas não faz a mesma coisa porque os sentimentos tomam conta e uma voz diz para não pensar. Acontece que quando lidamos com coisas não nos envolvemos emocionalmente com aquilo que possa estar nos desafiando, ainda que nem sempre isso seja verdade: às vezes ficamos irritados com coisas. De qualquer maneira, não vamos ficar batendo num aparelho que não sabemos usar, não jogaremos o manual de funcionamento no chão, pode ser que alguns façam isso. De uma maneira mais constante, percebemos que as pessoas, mesmo diante desse desafio, mantêm certo equilíbrio ou equilíbrio total. O mesmo não acontece quando o desafio envolve pessoas, acabamos assaltados por nossas emoções. Preferimos até não pensar mais porque toda vez que pensamos nas dificuldades de relacionamentos surgem desconfortos e sofrimentos.
AJUDA DE UM CONSULTOR OU CONSELHEIRO
Quando não conseguimos superar dificuldades com um aparelho, com as coisas de uma maneira geral, buscamos ajuda de terceiros. Consultamos um especialista ou levamos o aparelho para a assistência técnica. Muitas vezes procuramos estudar por conta própria ou buscamos cursos para ganhar capacitação e assim lidar melhor com esse tipo de dificuldade. Quando estivermos envolvidos emocionalmente diante de dificuldades de relacionamentos, podemos buscar ajuda de um conselheiro ou consultor profissional. Tudo que eles fazem é ouvir atentamente seus clientes tomados pelas emoções e então persistirem no pensamento constante. São preparados para pensar sobre os problemas até chegarem às respostas. Esse tipo de pensamento persistente sempre vai resolver o problema. Isso significa que eles são mais inteligentes do que os clientes? Não, eles têm a vantagem de pensar sobre o problema sem sofrer. Esse recurso é usado com frequência pelos casais que enfrentam dificuldades no casamento ou com os seus filhos. Podemos fazer algo semelhante ao feito pelos consultores e conselheiros para guardar distância do problema, da questão que está sendo analisada, sem sofrer e mantendo a persistência no sentido de resolver aquilo que esteja solicitando atenção e empenho. Como fazer isso? Desenvolver uma voz interior que promova esse papel, facilitando o distanciamento daquilo em que estamos mergulhados.
BUSCAR IDEIAS PROMISSORAS COM O “BRAINSTORM”
Quanto mais ideias tivermos, maiores serão as possibilidades de superarmos as dificuldades. Isso, entretanto, é prejudicado quando nos limitamos a poucas ideias ou mesmo quando não existe nada que possa ajudar. No lugar de sermos flexíveis e permitir que surjam em nossa mente os recursos que necessitamos, é mais comum insistirmos no que não está dando resultado. Quando aquilo que estamos usando não dá resultado é necessário buscar outras alternativas. Existe um procedimento denominado “brainstorm” que em tradução livre quer dizer “tempestade cerebral”, capaz de ajudar a multiplicar as ideias. Para usar o “brainstorm” devemos buscar um ambiente tranquilo e manter-nos confortavelmente relaxados mental e fisicamente. No momento em que estivermos focados sem sofrimento, sem estarmos emocionalmente envolvidos, nossa mente estará receptiva para receber pela inspiração valiosas contribuições. Nessa posição, distanciados, com o auxílio de uma “voz interior” no papel de um consultor vamos permitir que as ideias surjam em quantidade. Podemos, também, solicitar às pessoas de nossa confiança que nos ajudem participando do processo. Ao nos perceber em condições adequadas, deixamos que as ideias surjam em nossa mente sem nenhum julgamento ou qualquer tipo de controle. As ideias precisam ter o curso livre para que formem a “tempestade cerebral”. Todas devem ser anotadas, por mais estranhas que possam parecer. Esse não é o momento para verificar se a ideia é ou não viável. Quando percebermos que não acrescentamos mais ideias, daremos essa fase por concluída. Em seguida iremos classificar as ideias, dando destaque para aquelas que achamos mais promissoras. Caso tenham surgido poucas ideias promissoras, poderemos repetir o procedimento no dia seguinte ou em outra ocasião.
COOPERAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO À COMPETIÇÃO
Os relacionamentos solicitam cooperação no lugar de competição. Não estamos aqui para derrotar ninguém, buscamos aprimorar a nossa vida, a capacidade de viver. Relacionamento é um processo de negociação cujo resultado final será satisfatório quando todas as partes possam ganhar. Portanto, é uma proposta “ganha/ganha” no lugar das inadequadas “ganha/perde” e “perde/ganha” nas quais sempre haverá ganhadores em detrimento dos perdedores. Nas dificuldades de relacionamento as soluções devem ser buscadas de maneira equilibrada, sensata e criativa. A melhor solução não é a minha e nem a sua, é uma terceira capaz de nos fazer todos vencedores. As duas partes devem sair realizadas e satisfeitas. Os derrotados poderão ter interesse em revidar ou criar dificuldade para que questões posteriores possam ser conduzidas de maneira adequada. Não convém que pessoas que continuarão em nosso convívio sejam derrotadas, elas precisam ser conquistadas com harmonia. Haverá benefícios também em relação às pessoas de convívio ocasional quando pudermos tê-las como amigas. O relacionamento é uma parceria. As parcerias somente são bem sucedidas quando os resultados obtidos favoreçam aquilo que cada um está buscando. É muito importante no casamento, na relação com os filhos, nos ambientes profissionais e em nossa convivência na sociedade.
AS VANTAGENS DAS DIFERENÇAS
Sempre é bom lembrarmos de algo fantástico que encontramos na natureza, que é a sinergia. Ela nos ensina: o todo é maior do que a soma das partes. Um exemplo bem simples, duas vigas capazes de suportar isoladamente cada uma delas 50 quilos, unidas de forma adequada irão suportar mais do que 100 quilos. Daí porque se diz que o todo, no caso as duas vigas juntas, é maior do que as partes. Como é que fazemos isso nos relacionamentos? Somando as diferenças no lugar de nos confrontarmos nas diferenças. Com a soma das diferenças vai haver resultado maior do que se ficássemos exclusivamente considerando aqueles pontos em que há coincidência entre as partes. Dessa maneira, começamos a entender que diferenças são preciosidades que precisamos aprender a aceitar. Essa concepção permite mudarmos nossa mentalidade em relação à percepção que temos do mundo. Boa parte vive como se o mundo fosse um lugar de escassez, na qual se precisa adotar postura feroz para se conseguir aquilo que necessita porque não há para todos. A realidade nos oferece um mundo de abundância, de infinitas possibilidades. Essa visão reforça a ideia de que a cooperação é adequada quando consideramos que vivemos em uma realidade de abundância. A competição é uma visão estreita, própria dos que insistem em achar que não há o suficiente para todos. Grande parte das dificuldades de relacionamento surge pela desconsideração das diferenças e por acharmos que a competição é imposição de um mundo de escassez. |
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